Prof. Mário Silva – cientista e democrata

Passam, neste dia 7 de janeiro de 2025, 124 anos do nascimento do Prof. Mário Silva.
Mário Silva foi um eminente cientista, nascido em Coimbra em janeiro de 1901, perseguido pelo regime salazarista.

Licenciou-se em Física na Universidade de Coimbra com 19 valores. Doutorou-se em Paris com Madame Curie, em 1929, tendo sido seu assistente no Instituto do Rádio de Paris.

No regresso a Coimbra, imposto pela Universidade contra a vontade de Madame Curie, criou o Instituto do Rádio de Coimbra que, porém, nunca foi autorizado a funcionar. Este revés representou um atraso de anos no progresso da física nuclear no nosso país.
Foi Professor Catedrático em 1931.
Criou e foi diretor do Laboratório de Fonética Experimental da Faculdade de Letras.
Recuperou o espólio que pertenceu ao primeiro Gabinete de Física Experimental, criado pela grande reforma pombalina de 1772, tendo criado o Museu Pombalino de Física da Universidade de Coimbra. Uma parte do conteúdo precioso deste notável museu viria a ser exposto numa exposição internacional, a Europália91.
Fundou o Museu Nacional da Ciência e da Técnica.

Foi membro da Comissão Executiva do MUNAF, Movimento de Unidade Nacional Anti-Fascista, a convite de Bento de Jesus Caraça. Foi Vice-Presidente da Comissão Distrital por Coimbra do Movimento de Unidade Democrática (MUD).
Foi preso pela primeira vez no dia 21 de Agosto de 1946, tendo permanecido preso durante cerca de dois meses sem culpa formada. Foi mais tarde sujeito a prisão domiciliária.
Foi aposentado compulsivamente da Universidade de Coimbra 18 de Junho de 1947.
Para sobreviver enquanto não recebeu pensão, vendeu eletrodomésticos.
Depois do 25 de Abril, a 11 de fevereiro de 1976, quase dois anos depois da revolução, foi finalmente reintegrado na Universidade de Coimbra.

Curiosidade

Publicamos cópias de duas cartas amavelmente cedidas pelas herdeiras do Dr. Alberto Vilaça. Trata-se de uma carta deste ilustre advogado anti-fascista de Coimbra e da respetiva resposta pelo Prof. Mário Silva. Organizava-se nesta altura de 1958 a candidatura de unidade da oposição democrática às eleições para a Presidência da República, cuja primeira opção, referida nas cartas, era o Eng.º Cunha Leal que, por motivo de doença, não chegou a avançar. Estas cartas, constam do APAV (Arquivo Pessoal de Alberto Vilaça). Elas evidenciam a situação profissional do Prof. Mário Silva, nesta altura funcionário de uma empresa tecnológica estrangeira que o contratou como consultor na sequência da sua expulsão da docência universitária. Ilustram também o processo de corajosa e paciente construção de unidade entre democratas que desembocou na candidatura de Humberto Delgado, com massivo apoio popular.

Para saber mais:

Ciência em Portugal – http://cvc.instituto-camoes.pt/ciencia/p13.html

Museu da Física (Museu de Ciência, Universidade de Coimbra) – http://museu.fis.uc.pt/msilva/biografia.html

Estudo Geral (Universidade de Coimbra) – https://estudogeral.uc.pt/bitstream/10316/42106/1/M%C3%A1rio%20Silva%20professor%20cientista%20pol%C3%ADtico.pdf

Jornal online Tornado – https://www.jornaltornado.pt/mario-silva-1901-1977/

Antifascistas da Resistência – https://www.facebook.com/FascismoNuncaMais/photos/m%C3%A1rio-silva-1901-1977professor-universit%C3%A1rio-e-investigador-antifascista-notabil/1138845600938381/

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