A Música – protagonista da História

Duração: 4 sessões de 1,5 horas cada

Data de início: 7 de março de 2025

Horário e calendário: às sextas feiras, às 18 horas – dias 7, 14, 21 e 28 de março

Locais: no dia 7 de março, no Conservatório de Música de Coimbra; nos restantes dias, na Sala Jorge Pais de Sousa, Cena Lusófuna – Pátio da Inquisição.

Inscrições: num formulário acessível aqui. O curso admite um máximo de 30 pessoas que serão consideradas por ordem de inscrição.

O Curso

A Música constitui um elemento central da História da Humanidade, pensa-se, desde que a vocalização revelou qualidades distintivas de interpretação da realidade e de comunicação entre os humanos. Linguagem que sempre foi, a Música foi moldando a sua intervenção nas sociedades, influenciando e influenciando-se, construindo e adaptando formas de organização do discurso formal, fundindo-se nas demais artes, ardendo nas fogueiras da Inquisição ou, pelo contrário, vitoriando aquele fogo.

Tal como as demais existências milenares, a Música é merecedora das mais diversas abordagens, das mais vivas curiosidades. Compreende-se, por isso, o interesse geral pelo conhecimento das muitas facetas da Música, pela compreensão deste fenómeno que é produto e construtor da Humanidade, grandeza física e código de comunicação, sujeito da História e objecto de uso pessoal.

Neste primeiro curso da UPC decidiu-se abordar um conjunto de quatro temas de óbvia interdependência, contudo tratados separadamente. É da música-arquitetura que primeiro se falará, partindo do seu elemento essencial – a nota musical – para a explicação de um “edifício” que a História vai fazendo tomar formas diversas. A seguir se dirá que “no início era o belo”, numa abordagem em a discussão dos gostos será sempre suportada na descoberta das muitas vidas da Música. De Monteverdi se falará depois, e da revolução musical em que aquele compositor (entre outros) se envolveu e que “iria ter consequências profundas na música dos séc XVII e XVIIII”. A encerrar este primeiro curso da UPC falaremos de música popular na construção de uma música clássica “nacional”, de Bach aos compositores do nosso tempo.

A linguagem e arquitetura da música | Catarina Peixinho (7 de março)
A filósofa Susanne Langer dizia que a Música é o tempo tornado audível. De que elementos é composta a Música? Como se dispõem eles no tempo? Podemos dizer que desses elementos e da forma como eles estão organizados resultam semelhanças com a linguagem e com a arquitetura?
Acreditamos que decifrar uma obra, neste caso musical, nos aproxima de uma escuta mais ativa e, consequentemente, da fruição do objeto estético. Numa breve exposição dos conceitos e com recurso a exemplos tocados ao piano, procuraremos, em conjunto, encontrar respostas para estas e outras questões.
O Conteúdo Estético da Obra Musical | Hugo Brito (14 de março)
No início era o belo. Contudo, se são belos os sons que os meus ouvidos ouvem, outro entendimento poderá ser necessário para os distinguir.
Quem decide o que é belo? E se o belo for tão plástico quanto o tempo e o espaço? E se for o belo relativo? Poderei eu customizar “o meu” belo?
Não temos as respostas, mas podemos juntar as perguntas todas e trocar algumas ideias com a ajuda de uns poucos da Escola de Atenas num caminho que se propõe passar por tantos até Bourdieu e Adorno. O caminho será, intencionalmente, sonoro e percorrerá as estações da música pura à música programática; da música concreta à música funcional. Havemos de chegar ao fim da estrada passando, desejavelmente, pela rotura dos movimentos e terminando, de ouvidos cansados, com música hodie.
De Monteverdi a Mozart. O discurso dos sons na Europa dos séc.XVII e XVIII | Júlio Dias (21 de março)
No início do séc XVII, em Itália, compositores como Cláudio Monteverdi e Giulio Caccini iniciaram uma revolução que iria ter consequências profundas na música dos séc XVII e XVIIII. Será esta alteração radical do paradigma estético na vida musical da Europa do período barroco que irá ser abordada nesta aula acompanhada de exemplos musicais e de uma breve contextualização histórica.
Música popular – do canto da seara à partitura | Manuel Rocha (28 de março)
O canto primeiro terá sido o da função, o da premência em traduzir existires e urgências em sons. E esses sons primeiros foram gerando mais sons, como sempre faz a Natureza quando se constitui ninho do que houver, e assim andaram milénios até serem canto de aboiar, toada de festa ou diálogo com o Além. Pois se aos idiomas foram dadas responsabilidade de Pátria, por igual medida aos sons couberam tais pergaminhos. Tanto, que nos hinos se acolheram e nos cantos populares que os compositores da música chamada clássica tomaram para si para que se soubesse a que História pertenciam. É disto que se falará: de quanta música de mexer a terra foi enformar muita música a que chamamos “clássica” e que é, tantas vezes, a reinvenção da música do chão da Humanidade.

Docentes
Catarina Peixinho


Professora de piano e pianista acompanhadora no Conservatório de Música de Coimbra e membro do Quintetango. Como pianista acompanhadora tem participado em diversos concursos como o Concurso Internacional Cidade do Fundão, Concurso Internacional de Cordas Artur Fernandes Fão, Concurso Jovem.com e Prémio Jovens Músicos. Tem colaborado como pianista com a cantora Carla Caramujo, tendo sido convidada para representar Portugal no Festival de Música de Mérida, no México, e com o violetista Jorge Alves. É licenciada em Ensino da Música (Piano) pela Universidade de Aveiro, onde estudou com Álvaro Teixeira Lopes. É, também, licenciada em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da Universidade de Coimbra Ao longo do seu percurso, estudou com os pianistas Tânia Achot, Vitali Dotsenko, Alexei Eremin e Jaime Mota, tendo realizado masterclasses com os pianistas Vitalij Margulis, Edson Elias e Vladimir Viardo.

Hugo Brito

Nasceu em Coimbra no ano de 1985.Iniciou os seus estudos de violino no Conservatório de Música de Águeda com Ana Serrano e Raquel Costa e, posteriormente, terminou o Curso de Instrumentista de Cordas na Escola Profissional Artística do Vale do Ave com José Tavares. Na Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo do Instituto Politécnico do Porto finalizou a Licenciatura em Violino (2008) e o Mestrado em Interpretação Artística (2012) na classe do Radu Ungureanu, tendo como orientador o Professor Doutor Francisco Monteiro, com a dissertação: “O Violino como Instrumento Polifónico: Evolução e Interpretação”. Durante o seu percurso trabalhou com os professores Yuri Nasushkin, Marina Kouzina-Koiffman, Aníbal Lima, Daniel Rowland, Alexei Michlin, Boris Kuniev, Roman Nodel, René Kubelik. No âmbito do Ciaccona International Music Course (Londres) teve a oportunidade de trabalhar com Iwona Boesche, Bela Katona, Arun Menon, Dona Lee Croft e Cynthia Fleming.Concluiu o Mestrado em Ensino de Música no Instituto de Educação da Universidade do Minho (2013), sob a orientação da Professora Doutora Maria Helena Vieira, com o relatório de estágio: “Contributos para uma Etnopedagogia Musical”.É professor de violino no Conservatório de Música de Coimbra e colabora com o Departamento de Teoria da Educação, Educação Artística e Fìsica do Instituto de Educação da Universidade do Minho. Obteve o Doutoramento em Estudos da Criança na Especialidade de Educação Musical sob a orientação da Professora Doutora Maria Helena Vieira da Universidade do Minho.

Júlio Dias

Júlio Dias é licenciado em Cravo pela Escola Superior de Música do Porto na classe da Prof. Ana Mafalda Castro. Estudou também com Jacques Ogg, Ketil Hausgand e Ilton Wjuniski.
Ao longo dos anos tem-se apresentado a solo ou integrado em grupos de música antiga por todo o país e no estrangeiro, em festivais como o Festival Internacional de Música de Vigo, o Festival de Música Antiga de Burgos, IKFEM, Temporada de Cravo de Óbidos, Festival de Música Antiga de Loulé, etc. Tem colaborado com orquestras como Orquestra Sinfónica Portuguesa Remix Orquestra Barroca, Orquestra Nacional do Porto, Orchestra Utópica, Orquestra do Algarve, Filarmonia das Beiras, Orquestra barroca de Vigo 430. Como solista actuou com a Orquestra do Algarve e com a Orquestra Ars Antiqua executando o 5º Concerto Brandeburguês e o Concerto em Ré m BWV 1052 de J.S. Bach e o Concerto para Cravo de Carlos Seixas. Participou, como cravista, em diversas produções de ópera como Dido e Eneias (Teatro S. Carlos), Ottone (Casa da Música), as Bodas de Fígaro (Teatro da Trindade). É docente no Conservatório de Música de Coimbra e na Escola Superior de Música do Porto.

Manuel Pires Rocha

Nasceu em Coimbra, em 1962. Diplomado pela Escola Estatal de Música Gnessin, de Moscovo. Docente, desde 1988, no Conservatório de Música de Coimbra (tendo ali exercido funções de director entre 2005 e 2017).
Realizou trabalhos como músico, sobretudo em música popular, com nomes como Brigada Victor Jara (que integra desde 1977), Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire, Fausto, Vitorino, José Medeiros, Mísia, Filipa Pais, Carlos do Carmo, entre muitos outros.
Paralelamente, realizou trabalhos diversos, em diferentes áreas, de que destaca a série de documentários para a RTP sobre a música popular portuguesa, realizados a partir da série de Michel Giacometti e Alfredo Tropa “Povo que Canta”, tendo colaborado, como músico, com grupos de teatro e participando em bandas sonoras para cinema e televisão.
Integrou grupos de trabalho do Ministério da Educação para a reforma do Ensino Artístico Especializado. Participou, por indicação do Ministério da Cultura no grupo de trabalho da Comissão Europeia responsável por definir “O papel das instituições artísticas e culturais na promoção de um melhor acesso e de uma participação mais ampla na cultura. Sinergias entre a cultura e a educação, especialmente educação artística”.
Integrou, por indicação do Ministério da Educação, a Comissão Executiva do Projeto Meridiano, responsável pela criação de uma plataforma digital de divulgação da música portuguesa e a Comissão Administrativa Provisória (instaladora) do Conservatório de Música de Loulé. Realiza frequentemente trabalho de divulgação musical junto de públicos escolares.

Inscrição

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